terça-feira, 11 de agosto de 2015

A bomba é 'caseira' e o tiro é de 'chumbinho'.


                                                                                                                              Por: José Renato Martins.


Dois atentados acontecem e o que a mídia faz? Minimiza a gravidade dos fatos. A história mostra o que acontece quando nos calamos diante do fascismo.



                                                                                                                                           





                                                                                                                              Créditos da foto: Laura Daudén/ Conectas.Org




O ódio inoculado há anos na população é um dos grandes responsáveis pela escalada da intolerância, do racismo e da xenofobia que estamos assistindo no Brasil. O atentando contra o Instituto Lula e a agressão contra os haitianos em São Paulo são manifestações do mesmo tipo de irracionalidade.
 
Os dois acontecimentos me concernem pessoalmente. Há dois anos, como professor da Universidade Federal da Integração Latino-Americana - UNILA, pesquiso a presença dos haitianos no Brasil. Há quatro, faço parte da equipe de colaboradores do Instituto Lula.  
 
A versão da grande imprensa sobre a “bomba caseira” lançada no Instituto foi uma tentativa canhestra de minimizar a gravidade do atentado. Em qualquer país democrático, a imprensa daria ampla cobertura e repercussão ao “episódio”, em vez de diminuí-lo ou ocultá-lo como fizeram alguns veículos de comunicação.
 
Não vi nenhum editorial condenando o gesto, cuja dimensão simbólica atingiu em cheio não só o Instituto como a própria democracia. Silêncio total. Eloquentes colunistas, normalmente tão loquazes sobre assuntos menores, não escreveram uma linha ou disseram uma palavra repudiando o atentado. 
 
Silêncio similar se produziu agora em torno da agressão aos haitianos em São Paulo. 
 
Há atualmente na UNILA cerca de 80 jovens haitianos. O ingresso desses estudantes na Universidade corresponde a ajuda humanitária que o Brasil dedica ao Haiti. O país, que é um dos mais pobres do mundo, ainda não se recuperou totalmente do terremoto que matou mais de 300 mil pessoas em 2010.
 
Os haitianos que vieram para o Brasil estão concentrados nos estados do sul e sudeste. No Paraná, onde pesquiso a integração desses migrantes, a maioria está empregada na indústria da alimentação e na construção civil. Há anos falta mão de obra nos dois setores, e por isso empresários paranaenses foram buscá-los no Acre. Eles não roubaram o emprego de nenhum trabalhador brasileiro. Os dados da pesquisa revelam que eles ocupam vagas ociosas – fazem parte da solução e não do problema.
 
Assim como fizeram os imigrantes europeus que chegaram ao Brasil no início do século passado, os haitianos contribuem economicamente com o país. Além disso, são seres humanos que passam por dificuldades. Merecem respeito e solidariedade. Nem mesmo o mais grave distúrbio mental explicaria qualquer tipo de agressão contra pessoas frágeis e inofensivas como eles. E, no entanto, seis haitianos foram alvo de vil atentado em São Paulo. 
 
É o mesmo ódio, a mesma intolerância, fundadas no racismo e na ignorância.   
 
A grande imprensa, que demorou inexplicavelmente a divulgar a agressão contra os haitianos, agora nos informa que eles foram alvo de disparos de “espingarda de chumbinho”. Não houve o emprego de arma de fogo. Novamente minimizam a gravidade do ato, mesmo sabendo que dois dos atingidos provavelmente passarão por cirurgia.
 
Por trás disso tudo existe um óbvio subtexto, cujo objetivo é anestesiar o incauto leitor. A bomba é “caseira” e a espingarda é de “chumbinho”. Relaxa, não é tão grave assim.
 
A história mostra o que acontece quando os liberais flertam com o fascismo. Depois de destruir os partidos de esquerda e os sindicatos dos trabalhadores, é contra eles que os bandos fascistas se voltam. Que reflitam um pouco, e parem de inocular o ódio e a intolerância enquanto é tempo.  
 
José Renato Vieira Martins, professor adjunto da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (renatovieiramartins@gmail.com)

terça-feira, 4 de agosto de 2015

Programa Complicações discute a imigração haitiana para o Brasil.


O Programa Complicações do Estúdio Univesp, traz entrevistas, debates, notícias e matérias especiais na tela da UNIVESP TV. 


Desta vez, o programa trouxe para discussão a imigração dos haitianos no Brasil. A ideia é analisar esta questão e traçar comparações com outros movimentos imigratórios mundiais, como o dos africanos para a Europa. 

Para discutir o tema, participaram da conversa nossa admirável professora Maria Adélia de Souza  (professora da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP e integrante de nosso grupo de pesquisa) e Roberta Guimarães Peres (pesquisadora do Núcleo de Estudos de População da Unicamp)

No dialogo se constrói um rico debate proposto pelo programa e dialogado pelas pesquisadoras nos eixos que se permeiam na Diáspora Haitiana. 

Boa aula! 



Parte 1: 




                 Parte 2 :


segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Audiência Publica: "A situação dos Haitianos no Brasil".

Para os que não conseguiram acompanhar:
03/08/2015 - 09:00


           CDH : Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa


Debater sobre: "A situação dos Haitianos no Brasil". 

Convidados:
Nilson Mourão
Secretário de Justiça e Direitos Humanos do Estado do Acre
Beto Ferreira Martins Vasconcelos
Secretário Nacional de Justiça - Ministério da Justiça
Luiz Alberto Matos dos Santos
Coordenador do Conselho Nacional de Imigração – Ministério do Trabalho e Emprego
Alix Georges
Centro de Apoio e Orientação ao Haitiano de Porto Alegre
Carlos Alberto Simas Magalhães
Embaixador - Subsecretário Geral das Comunidades Brasileiras no Exterior - Ministério das Relações Exteriores - MRE
José Maria de Almeida
Membro da Coordenação Nacional do CSP-Conlutas
Paulo Roberto Martins Maldos
Secretário Nacional de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos - SDH
Fedo Bacourt
Representante da União Social dos Imigrantes Haitianos
Irmã Rosita Milesi
Diretora do Instituto Migrações e Direitos Humanos – IMDH









































quinta-feira, 25 de junho de 2015

"Um pais miserável, analfabeto e com raízes tribais, africanas, barbaras", essas foram as palavras usadas para definir o Haiti pelo jornalista e colunista do jornal O Globo - Arnaldo Jabor.


"Um pais miserável, analfabeto e com raízes tribais, africanas, barbaras", essas foram as palavras usadas para definir o Haiti pelo jornalista e colunista do jornal O Globo - Arnaldo Jabor. 


É vergonhoso e indignante ver esse tipo de atitude ser "aceita" frente a mídia nacional; nesse caso especifico usando o exemplo do Haiti, para reafirmar um preconceito que durante anos vem se camuflando nos moldes de uma sociedade excludente. 

Comentários como este não poderiam ficar impunes, é preciso se posicionar e negar essa mídia que se baseia e propaga o puro racismo e xenofobia. 

Esta realidade traz seus frutos diários e se manifesta de diversos modos; como no caso daquele suposto militar reacionário na cidade de Canoas - região metropolitana de Porto Alegre - Rio Grande do Sul, que agrediu verbalmente um trabalhador imigrante do Haiti em um posto de gasolina, afirmando que a sua vinda ao Brasil retirava trabalhos que deveriam ser destinados exclusivamente a brasileiros. A exemplo disso dá-se as condições de exploração da mão-de-obra haitiana no mercado de trabalho brasileiro, estes que migram em busca de empregos e melhores condições de vida. 

As palavras deferidas por Jabor negam uma história, construída com coragem, luta e sangue de muitos escravos, onde em 1 de Janeiro de 1804 nasce à 1ª Republica da América Latina, à 1ª Republica Negra do Mundo.











terça-feira, 16 de junho de 2015

Vídeo documentário: Diáspora Haitiana - da utopia à realidade.

Queridxs, é com grande satisfação que o Grupo de Pesquisa: Migrações, Dinâmicas Territoriais e Integração Regional apresenta o seu vídeo documentário. 

A partir deste esperamos que todxs possam entender um pouco mais da pesquisa e do contexto vivenciado pela migração Haitiana na cidade de Cascavel, Paraná. 

Agradecemos a todxs que participaram na produção deste trabalho, em especial ao Valando Lúberisse, a Claridine Lúberisse, ao Benile Isidor e ao Sindicato da Alimentação de Cascavel.



Merci.

sexta-feira, 8 de maio de 2015

Tese Joseph Handerson

Apresentamos abaixo a Tese de Handerson, Joseph com o tema: Diaspora. As dinâmicas da mobilidade haitiana no Brasil, no Suriname e na Guiana Francesa. – Rio de Janeiro: UFRJ/Museu Nacional, 2015.  429f.: il.; 31 cm.  Orientador: Federico Guillermo Neiburg Tese (doutorado) – UFRJ/Museu Nacional/Programa de Pós Graduação em Antropologia Social, 2015. 

Recomendamos a todos a leitura!

quinta-feira, 23 de abril de 2015

HOMENAGEM A EDUARDO GALEANO

Apresentamos abaixo o documentário exibido pela TVE que aborda a visão de dois grandes humanistas contemporâneos, Eduardo Galeano e Jean Ziegler, sobre o mundo atual, sendo assim a divulgação do seu saber a nossa forma de homenagear Eduardo Galeano.


Pintura de William Turner.

Galera, o professor pediu pra gente pesquisar e escrever algumas linhas para a próxima aula sobre os horrores do Zong, retratado nesta pintura de William Turner.

Navio de negreiro, William Turner, 1840.

sexta-feira, 20 de março de 2015

FILME QUEIMADA


Segue abaixo indicação de filme:
Queimada, dirigido por Gillo Pontecorvo (1969).


sexta-feira, 13 de março de 2015

La independencia de Haiti y Santo Domingo - Comentários

Durante esse primeiro semestre de 2015 o grupo de pesquisa participa de uma disciplina ministrada pelo Professor Renato Martins, a disciplina vai abordar diversa temáticas sobre a História do Haiti, os processo migratórios entre outras, (o plano de ensino da disciplina encontra-se em uma publicação anterior a essa) pensando por bem publicaremos no decorrer das atividades os resumos e comentários dos textos que estão sendo trabalhados no sala de aula, fique atento e acompanhe!

Abaixo segue os comentários do texto:
PONS, Frank Moya, (1991): La independencia de Haiti y Santo Domingo, in BETHEL, Leslie (ORG) Historia de América Latina, Vol 5. Editorial Critica. 

O texto de Frank Moya PONS,  La independencia de Haiti y Santo Domingo, nos ajudará a compreender o quadro geopolítico e a disputa internacional entre as metrópoles européias - especialmente a Inglaterra, a França e a Espanha - pelas riquezas naturais e o controle do Caribe. A Ilha Hispanhola, dividida entre franceses (Saint-Domingue) e espanhóis (Santo Domingo), simbolizava, mais do que qualquer outra, o acirramento dessa disputa, que acabou provocando uma guerra internacional entre as potências da época. Em meio aos conflitos internacionais, de cunho colonialista, veremos se desenrolar as guerras de independência do Haiti, contra os franceses, e de Santo Domingo, contra os espanhóis. Foi neste contexto que  uma revolta escrava, que se iniciou no norte da ilha, acabou precipitando a guerra civil que tomou conta das duas porções do território, causando sangrentos conflitos entre os grandes proprietários brancos, os escravos negros e os mulatos livres - cada um deles apoiado por uma das potências de então: os ingleses do lado dos grandes proprietários, os espanhóis com os escravos e os franceses do lado dos mulatos.  Veremos a ocupação de Santo Domingo, por 22 anos, pelas tropas haitianas, numa tentativa de unificação da Ilha. Ao mesmo tempo, vamos  nos familiarizar com os personagens desse drama histórico, cujos nomes e feitos deveremos conhecer e memorizar para dialogar com os colegas haitianos. Entre eles se destacam:  Toussaint L'Ouverture,  Jean Jacques Dessalines, Henri Christophe, Alexander Pétion e Jean-Pierre Boyer. É muito importante ter em conta o papel da Revolução Americana e da Revolução Francesa em todo o processo. A primeira, por debilitar os concorrentes ingleses e ampliar as vendas do açúcar haitiano no mercado americano, agora sem os intermediários ingleses; a segunda, por fornecer o marco ideológico, professado pelos jacobinos, e assimilado pelos líderes haitianos a seu modo. Este aspecto retornará ao longo do curso, sob diferentes ângulos, sempre a revelar como o que aconteceu no Haiti na passagem do século  XVIII para o XIX, está profundamente inscrito do processo de modernização do Ocidente. Ao contrário de leituras hegemônicas, este processo não é linear e nem é irradiado a partir de um único polo, dos países europeus para o resto do mundo. Ele revela como uma área mal denominada "periférica" influi no curso da história ocidental e no seu processo de modernização. Veremos isso mais pra frente nos textos de Stuart Hall e Paul Gilroy. Não vamos nos antecipar. Mas fiquem antenados. Há dois outros aspectos que eu gostaria que vocês observassem para discussão na próxima aula. O primeiro diz respeito à estratificação social a partir de critérios raciais, decorrentes da cor da pele, da origem nacional e atributos culturais. Reflitam sobre essa divisão social, que basicamente está fundada na relação senhor x escravo, mas que vai muito além dela, onde se situam Les grands brancs, Les petits brancs, Les affranchis e Les noirs. O segundo aspeto que eu gostaria que vocês pensassem se refere ao modelo de desenvolvimento, como diríamos hoje, que divide a jovem nação soberana. Aí veremos  alguns dilemas que não desapareceram da América latina duzentos anos depois. Pensem no projeto de Henri Christophe para o Norte, e de Alexander Pétion para o sul no que concerne ao regime político do Haiti e ao modelo econômico. O primeiro, baseado numa monarquia, na plantation, e numa espécie de escravidão mitigada. O segundo baseado na república, numa agricultura de subsistência e na distribuição dos títulos de propriedade da terra para os ex-escravos. Comparem essa experiência com o que vocês já conhecem de outros países da América Latina na mesma época....boa sorte, boa leitura e bom trabalho.
Professor José Renato Vieira Martins

Deixamos abaixo o link com o texto para os interessados, capitulo 4.
http://www.bsolot.info/wp-content/pdf/Bethell_Leslie-Historia_de_America_Latina_V.pdf

sexta-feira, 6 de março de 2015

Que tal uma tarde de lindas músicas da Pérola do Caribe?


A baixo deixamos uma seleção de músicas  e esperamos que nos comentários surjam mais!! 
(muitos são puros clássicos de nosso Haiti) 


Michael Benjamin - Ayiti Se:
https://www.youtube.com/watch?v=62oHkVQgYDU

Dekole - J.Perry
https://www.youtube.com/watch?v=OEupkqF6JUM

Olivier Duret  - Danre Ra
https://www.youtube.com/watch?v=lWMIsYr-feY

Les Shleu Shleu - Trois Forces
https://www.youtube.com/watch?v=3YIrar18C0I

La Sirene [ La Torta] por Gardner Lalanne & LesLoups Noirs
https://www.youtube.com/watch?v=f5od5TgpWPQ

Les Lionceaux Des Cayes - 7ème commandement
https://www.youtube.com/watch?v=kGni51IceIA


Les Fantaisistes de Carrefour   - Tristesse
https://www.youtube.com/watch?v=xRO4VLFzsQA

Les pachas - La messe sous boulevard
https://www.youtube.com/watch?v=nq2zKLbfH7o

Les Pachas du CanapeVert - DESORDRE Musical
https://www.youtube.com/watch?v=VOMAfUwzRqM

Samba pacha n°2 - Les pachas du canapé vert
https://www.youtube.com/watch?v=VOMAfUwzRqM

Sabine - Afro combo de Boston
https://www.youtube.com/watch?v=CC2lPX4KI5k

Skah-Skah - Guepe Pangnole
https://www.youtube.com/watch?v=Dwo1_Md0_7M

Skah Shah - Haiti
https://www.youtube.com/watch?v=SY5ukYOkZg8

DIABLE LA-LES SHLEU-SHLEU-1972
https://www.youtube.com/watch?v=G7ik9yTzgOk

Skah-Skah - Guepe Pangnole
https://www.youtube.com/watch?v=Dwo1_Md0_7M

Ti cherie - Doudou Cherie
https://www.youtube.com/watch?v=mGW8MwOy8z8

BIC Mesi ti cheri doudou feat Rutshelle 
https://www.youtube.com/watch?v=P5WUiAFgQkI

Kita Combo - Cindy (1974)
https://www.youtube.com/watch?v=oLS6bb8_6tg

Toto Necessite - Esperyans
https://www.youtube.com/watch?v=-J8V8Dv2aTQ

BELLE MARIE POU LI- LES SHUPA SHUPA D'HAÏTI- Année : 1972

https://www.youtube.com/watch?v=ekfAEEcLtGA

Samba Creole - Chance & Malheur (1973)

https://www.youtube.com/watch?v=6GUJZ1hsLIg




Agradecemos a colaboração dos amigos: Becedic Joseph ( Barack) e Valando Luberisse!!! Mèsi zanmim yo!!!





5.

quinta-feira, 5 de março de 2015

No site da UNILA.

Tivemos uma matéria no site da UNILA :

05.03.2015

Haiti

Embaixador tem encontro com grupo que pesquisa a diáspora haitiana

O embaixador do Haiti no Brasil, Madsen Cherubin, reuniu-se, na manhã de quarta-feira (4), com o grupo de professores e alunos que trabalha na pesquisa “Diáspora haitiana: perfil dos imigrantes haitianos em Cascavel”, realizada com a comunidade de imigrantes daquele país, que reside em Cascavel. Cherubin assistiu a um vídeo sobre a pesquisa e recebeu o livro com os primeiros resultados do trabalho. Da reunião, também participaram três haitianos integrantes da pesquisa e que agora são estudantes da UNILA, selecionados pelo Programa Pró-Haiti; além de alunos e professores envolvidos no estudo.
Madsen Cherubin e o grupo de pesquisadores Cherubin ouviu relatos dos pesquisadores e também de seus compatriotas sobre as condições de vida no Brasil e as perspectivas para o futuro, principalmente após a oportunidade de cursarem a universidade. “Vejo de maneira muito positiva a iniciativa da UNILA e a busca de haitianos por melhores condições de vida”, disse o embaixador. “O importante é o acesso à Madsen Cherubineducação. Acredito que se a oportunidade estiver presente, a pessoa pode mudar a sua situação”, completou.

Pesquisa

“Este trabalho tem um fortíssimo componente social e é um exemplo de que as três áreas pilares da Universidade – ensino, pesquisa e extensão – podem caminhar juntas”, constata o professor José Renato Vieira Martins, coordenador do trabalho. Um desdobramento da pesquisa é a oferta da disciplina optativa “Diáspora Haitiana”, a ser ministrada por Martins, no curso de Ciências Políticas e Sociologia.
Colaboradora da pesquisa, Maria Adélia Aparecida de Souza, que foi pró-reitora de Graduação da UNILA e é professora titular de Geografia Humana, na Universidade de São Paulo (USP), acredita que essa experiência prática realizada em Cascavel vai atualizar a interpretação da teoria dos movimentos populacionais migratórios. “Os povos jamais deixaram de ser nômades”, constata. A colaboração com o trabalho desenvolvido pela UNILA nasceu da sua ligação natural com a Universidade e também pela relação com a sua própria linha de pesquisa, fundamentada na dinâmica dos lugares.  
O grupo pretende fazer uma exposição com fotografias e resultados do trabalho em São Paulo, juntamente com a realização de mesas de diálogo, em colaboração com a USP e a Fundação Friedrich Ebert, parceiros na pesquisa, e a Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania. Essa exposição deve ser aberta no dia 18 de maio, quando é comemorado o Dia da Bandeira do Haiti, uma das datas mais importantes do calendário haitiano. Eles também estão preparando um encontro internacional para o segundo semestre, com representantes de estudos realizados sobre a diáspora haitiana na França, no Canadá e no próprio Haiti. O grupo criou um blog em que podem ser consultados os resultados e outras informações sobre o trabalho: diasporahaitiana.blogspot.com.


Exemplos

Valando e Clerdine Lubérisse e Benile EsidorTrês haitianos que viviam em Cascavel estão iniciando seus cursos na UNILA, neste semestre. Para eles, estudar na UNILA significa uma oportunidade para melhorar de vida, seja no Brasil ou no Haiti. “Esperava uma oportunidade assim faz tempo. A gente tem que aproveitar para poder mudar nosso futuro e de nossas famílias”, afirma Benile Esidor, estudante de Administração Pública e Políticas Públicas.
A mesma linha de pensamento tem Valando Lubérisse, que obteve uma vaga no curso de Biotecnologia. “O que a gente espera é que a gente se torne um profissional na carreira que escolheu. Se voltarmos para o Haiti, queremos ser os profissionais que o país esperava, chegar lá e dar o fruto do Brasil”, disse. Ele está em Foz do Iguaçu com a irmã, Clerdine Lubérisse, que começa a fazer Arquitetura e Urbanismo. “Estou feliz de fazer parte de uma universidade daqui”, completou ela. Todos estão dispostos a se esforçar para conseguir seus objetivos. “Tenho certeza que 80% dos haitianos que conseguiram as vagas na UNILA vão estudar muito e vão tirar as melhores notas da faculdade”, garante Valando.

Agenda

Madsen Cherubin também reuniu-se com o reitor pro tempore da UNILA, Josué Modesto dos Passos Subrinho; e com o vice-reitor Nielsen de Paula Pires para uma conversa sobre a iniciativa da UNILA em receber os haitianos.Madsen Cherubin e o reitor Josué Modesto dos Passos Subrinho
Ele ainda teve um encontro com integrantes da ONG Educafro, de São Paulo, que teve 14 integrantes haitianos aprovados no processo seletivo da UNILA. Um grupo de cerca de 50 pessoas veio agradecer a Universidade pela oportunidade dada aos imigrantes e fez um abraço simbólico no prédio da Vila A.


quarta-feira, 4 de março de 2015

Hoje recebemos o embaixador Madsen Chérubin.



Hoje, 04 de Março de 2015 ás 10 da manhã, o grupo de pesquisa - Diáspora Haitiana, recebeu o embaixador Madsen Chérubin na sede da Reitoria na vila A. 
   Na ocasião, o grupo apresentou dados da investigação realizada em 2014 na cidade de Cascavel - PR. 
   No momento contamos com a presença dos estudante: Valando Luberisse - Estudante de Biotecnologia, Claridine Luberisse - Arquitetura e Benile Isidor - Administração e Políticas Públicas, ambos estudantes Haitianos recém ingressos na UNILA
   O professor Renato Martins, expôs sobre a importância da pesquisa e suas conquistas. Na seqüência, realizamos a exibição de um vídeo etnográfico sobre o cotidiano dos Haitianos em Cascavel. 
Por fim, realizamos a entrega da publicação feita em 2014 ao embaixador. 
Na reunião estiveram presentes os participantes do grupo: 

Maria Adélia de Souza, docente da USP, Giane Lessa -Docente do curso de Letras Artes e Mediação Cultura - UNILA, James Zomichani- Docente do curso de Geografia, Mayara Palma - Estudante de DRUSA, João Paulo - Estudante do curso de Antropologia, Danielle Araujo - Docente do curso de Antropologia , Lisbet Juca - Socióloga 
Renata Maria Brasileiro - Antropóloga e convidados.















quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

História do Racismo

Galera, recomendamos fortemente o documentário História do Racismo, produzido pela BBC de Londres, que será discutido na disciplina do prof. José Renato. 



segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Disciplina na UNILA: A Diáspora Haitiana: da utopia à realidade

Prezados, apresentamos abaixo o plano de ensino da disciplina: A Diáspora Haitiana: da utopia à realidade que será ofertada no próximo semestre 2015.1 na UNILA pelo professor José Renato Vieira Martins, sobre a temática da diáspora Haitiana.



PLANO DE ENSINO


DADOS DE IDENTIFICAÇÃO

Curso: Tópicos Especiais em Sociologia V
Turma: (     ) 2011  -   (     ) 2012  -   (     ) 2013   -   (      ) 2014  - (    ) 2015
Disciplina ou atividade: A Diáspora Haitiana: da utopia à realidade
Professor responsável: José Renato Vieira Martins
Pré-requisitos:
Créditos: 04
Carga horária teórica: 60    Carga horária prática:       Carga horária total: 60
Ano/semestre de oferta: 1º. Semestre de 2015

EMENTA DA DISCIPLINA OU DA ATIVIDADE

Disciplina aborda temas relativos ao Haiti e à diáspora haitiana. Raça, escravidão, cultura e exclusão são questões recorrentes no pensamento social sobre a Diáspora. A disciplina trata desses problemas a partir de distintos ângulos, recorrendo a textos fundamentais da antropologia, da economia, da história, da sociologia e da literatura para destacar o seu caráter polêmico. O ponto de partida da disciplina são as conclusões da pesquisa realizada pelo Grupo de Estudos da UNILA sobre o Haiti, concluída em 2014, acerca da identidade e do perfil socioeconômico dos imigrantes haitianos recém-chegados ao munícipio de Cascavel, PR. A disciplina se encerra com uma análise de algumas vertentes do pensamento negro.

OBJETIVOS

Fornecer aos alunos uma visão crítica e abrangente sobre as diferentes vertentes do pensamento social da diáspora a partir do caso haitiano. Além desse objetivo prioritário, a disciplina visa discutir questões relativas ao Caribe, área geográfica concernente ao projeto acadêmico da UNILA.

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO

Temas e problemas da diáspora haitiana
Diáspora: hibridismo e sujeito diaspórico
Diáspora e identidade cultural
Imigrantes e imigrados, estabelecidos e forasteiros
O Haiti ontem: a escravidão no Caribe
A guerra de independência do Haiti
O Haiti hoje: da transição politica à MINUSTAH
As raças no pensamento social
A sociedade contra os imigrantes
As barreiras da cor
O pensamento negro
Negritude e contracultura

METODOLOGIA ADOTADA

Aulas expositivas.  Seminários. Trabalhos em Grupo. Vídeos, documentários e filmes.

CRONOGRAMA DE ATIVIDADES

Aula 1 - 13/03
Apresentação do Programa.

Aula 2 - 20/03              
Temas e problemas da diáspora haitiana.
Raça ou Classe, Identidade ou Diversidade, Cidadão ou Ralé?

MARTINS, J.R.V. (2014): A Diáspora Haitiana: da utopia à realidade. Perfil dos imigrantes haitianos em Cascavel. Gráfica Grapel. Foz do Iguaçu. p. 3 a 43.

MARTINS, J.R.V. (2011): “Participação social e diálogo internacional”, in Democracia participativa: nova relação do estado com a sociedade 2003-2010. Secretaria Geral da Presidência da República do Brasil. Brasil. pp. 74 a 82.


UNIDADE 1 – MARCOS TEÓRICOS

Aula 3 - 27/03
Diáspora: hibridismo e sujeito diaspórico.

HALL, Stuart. (2003): “Pensando a diáspora: reflexões sobre a terra no exterior”, in Da diáspora: identidades e mediações culturais. Humanitas Editora. UFMG e UNESCO. Belo Horizonte/Brasília. https://docs.google.com/file/d/0B3ACsS8GcONYMDMyNDI3NDQtYTU3Zi00NjM1LTgxZjctZTM2MGRkNmNmYmFk/edit?pli=1

GILROY, Paul. (S/D): O Atlântico Negro: modernidade e dupla consciência. Editora 34. UCAM. Rio de Janeiro. Cap. I: O Atlântico Negro como contracultura da modernidade.  http://moodle.stoa.usp.br/file.php/1416/selecao_do_Atlantico_Negro.pdf


Aula 4 - 03/04
Diáspora e identidade cultural

HALL, Stuart (2003): Introdución: quien necesitad de identidad? in HALL, Stuart e GAY, Paul du (ORG): Cuestiones de identidad cultural. Amorrortu editores. Buenos Aires – Madrid. Disponível em SCRIBID.

HALL, Stuart (2006): A identidade cultural na pós-modernidade. DP&A Editora. RJ.  pt.slideshare.net/anacachinho/livro-hallstuartaidentidadeculturalnaposmodernidade

Zygmund Bauman: De peregrino a turista, o una breve historia de la identidad, in HAAL e GAY (2003), idem. Disponível em SCRIBD.



Aula 5 - 10/04
Imigrantes e emigrados, estabelecidos e forasteiros

SIMMEL, Georg (2012): El extranjero, in SIMMEL, El extranjero: sociologia del extraño. Ediciones Sequitur, Madrid

ELIAS, Norbert (2012): La relación entre establecidos y marginados, SIMMEL, idem. Disponível em SCRIBD.

UNIDADE 2 – MARCOS HISTORIOGRÁFICOS

Aula 6 - 17/04
O Haiti ontem: a escravidão no Caribe

WILLIANS, Eric (1973): Capitalismo y Escravitud. SigloVeinte Ed. Buenos Aires. Cap. 1 e 2. Cópia disponível na Ianá.

JAMES, C.L.R. (2003): Los Jacobinos Negros: Toussaint L`Ouverture y la revolución de Haiti, Fondo de Cultura Económica. México. Cap. 1 e 2. Disponível em SCRIBD.

Leitura complementar: Textos selecionados de CARPENTIER, Alejo (2006): Visão da América. Martins Fontes. São Paulo. Idem, (2009): O reino deste mundo, Martins Fontes. Idem (2008): Concerto Barroco. Cia das Letras. SP.

Aula 7 - 24/04
A guerra da independência do Haiti

PONS, Frank Moya, (1991): La independencia de Haiti y Santo Domingo, in BETHEL, Leslie (ORG) Historia de América Latina, Vol 5. Editorial Critica. Barcelona. Disponível em SCRIBD.

JAMES, C.L.R:  De Toussaint L`Ouverture a Fidel Castro, in SANCHES (2012), Idem.
Cópia na Ianá.

Aula 8 – 08/05
O Haiti hoje: da transição política à MINUSTAH

Suzi Castor (a confirmar)

VALLER FILHO, Wladimir (2007). O Brasil e a crise haitiana: a cooperação técnica como instrumento de solidariedade e de ação diplomática. FANAG. Brasília.


UNIDADE 3 – RAÇAS E RACISMOS

Aula 9 – 15/05
As raças no pensamento social

SCHWARCZ, Lilia Moritz (2006): “Raça sempre deu o que falar”, in FERNANDES, Florestan: O negro no mundo dos brancos. Introdução. Global Editora. SP. Cópia na Ianá.

GOULD, Stephen Jay (2014): “Negros e índios como espécies separadas e inferiores”, in GOULD, A falsa medida do homem, Martins Fontes Ed. São Paulo. Cópia na Ianá.

SCHWACRZ, Lilia Moritz (1993): “Uma breve história de diferenças e desigualdades: as doutrinas sociais no século XIX”, in SCHWACRZ, O espetáculo das raças: cientistas, instituições e questão racial no Brasil 1870-1930. Editora Cia das Letras, SP.

Leitura complementar:

Micheline Labelle, “La question de couleur dans  l’histoire d’Haiti”,  in Idéologie de couleur et classes sociales em Haïti (1987). CIDIHCA. Montreal, 1987.


UNIDADE 4 – DIÁSPORA E SOCIEDADE

Aula 10 – 22/05
A sociedade contra os imigrantes

GIDDENS, Anthony. (2012): “Raça, Etnicidade e Migração”, in Sociologia, Editora Penso. Porto Alegre. Cap. 15.  Cópia na Ianá.

CASTEL, Robert. (2011): A discriminação negativa: cidadãos ou autóctones? Editora Vozes. Petrópolis. Cópia na Ianá.

Aula 11 – 29/05
As barreiras da cor

FERNANDES, Florestan. (2006): O negro no mundo dos brancos. Global Editora. SP. Cap. 3.

SOLVIK. Liv. (2009): Aqui ninguém é branco. Aeroplano Editora. RJ. Cap.1 e 2. 

UNIDADE 5 – O PENSAMENTO NEGRO

Aula 12 – 05/06
Negritude e contracultura

SANCHES, Manuela Ribeiro Sanches (2011). “Viagens da teoria antes do pós-colonial”, in SANCHES (2011) Malhas que os impérios tecem: textos anticoloniais, contextos pós-coloniais. Edições 70. Portugal. 

DU BOIS, W.E.B. “Do nosso esforço intelectual”, pp. 49 a 58, in SANCHES (2011).
LOCKE, Alain. “O novo negro”, pp. 59 a 72, in SANCHES (2011).

Aula 13 – 12/06
Negritude e contracultura (cont.)

FANON, Frantz. “Racismo e cultura”, pp. 273 a 286, in SANCHES (2012).
CÉSAIRE, Aimé. “Cultura e colonização”, pp. 253 a 272, in SANCHES (2011).

Aula 14 – 19/06
Conferência sobre o Haiti
As relações Haiti Brasil: que futuro esperar?

Aula 15 – 26/06
Exame Final

Aula 16 – 03/07
Encerramento

CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO

Resenhas de cada unidade (50%).
Prova escrita (50%).


ATIVIDADES DE RECUPERAÇÃO

Prova escrita

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANGLADE, Georges (1982): Atlas critique d’Haiti. ERCE & CRC. Université du Quebec a Montreal.
BETHEL, Leslie (ORG): Historia de América Latina, Vol 5. Editorial Critica. Barcelona.
CARPENTIER, Alejo (2006): Visão da América. Martins Fontes. São Paulo.
_________ (2009): O reino deste mundo, Martins Fontes.
_________ (2008): Concerto Barroco. Cia das Letras. SP.
CASTEL, Robert. (2011): A discriminação negativa: cidadãos ou autóctones? Editora Vozes. Petrópolis.
FERNANDES, Florestan: O negro no mundo dos brancos. Global Editora. SP.
GIDDENS, Anthony. (2012): Sociologia, Editora Penso. Porto Alegre.
GILROY, Paul. (S/D): O Atlântico Negro: modernidade e dupla consciência. Editora 34. UCAM. Rio de Janeiro.
GOULD, Stephen Jay (2014): A falsa medida do homem, Martins Fontes. São Paulo.
HALL, Stuart. (2003): Da diáspora: identidades e mediações culturais. Humanitas Editora. UFMG e UNESCO. Belo Horizonte/Brasília.
HALL, Stuart (2006): A identidade cultural na pós-modernidade. DP&A Editora. RJ. 
HALL, Stuart e GAY, Paul du (ORG) 2003: Cuestiones de identidad cultural. Amorrortu editores. Buenos Aires – Madrid. Disponível em SCRIBID.
JAMES, C.L.R. (2003): Los Jacobinos Negros: Toussaint L`Ouverture y la revolución de Haiti, Fondo de Cultura Económica. México.
LABELLE, Micheline (1987): Idéologie de couleur et classes sociales em Haïti (1987). CIDIHCA. Montreal, 1987.
MARTINS, J.R.V. (2014): A Diáspora Haitiana: da utopia à realidade. Perfil dos imigrantes haitianos em Cascavel. Gráfica Grapel. Foz do Iguaçu.
MORIN, Françoise. (1993) Entre visibilité et invisibilité: le aleás identitaires des Haïtiens de New Yorker et Montréal.
SANCHES, Manuela Ribeiro Sanches (2011): Malhas que os impérios tecem: textos anticoloniais, contextos pós-coloniais. Edições 70. Portugal.
SCHWACRZ, Lilia Moritz (1993): O espetáculo das raças: cientistas, instituições e questão racial no Brasil 1870-1930. Editora Cia das Letras, SP.
SOLVIK. Liv. (2009): Aqui ninguém é branco. Aeroplano Editora. RJ.
SIMMEL, Georg (2012): El extranjero: sociologia del extraño. Ediciones Sequitur, Madrid
VALLER FILHO, Wladimir (2007). O Brasil e a crise haitiana: a cooperação técnica como instrumento de solidariedade e de ação diplomática. FUNAG. Brasília.
WILLIANS, Eric (1973): Capitalismo y Escravitud. SigloVeinte Ed. Buenos Aires.