sexta-feira, 13 de março de 2015

La independencia de Haiti y Santo Domingo - Comentários

Durante esse primeiro semestre de 2015 o grupo de pesquisa participa de uma disciplina ministrada pelo Professor Renato Martins, a disciplina vai abordar diversa temáticas sobre a História do Haiti, os processo migratórios entre outras, (o plano de ensino da disciplina encontra-se em uma publicação anterior a essa) pensando por bem publicaremos no decorrer das atividades os resumos e comentários dos textos que estão sendo trabalhados no sala de aula, fique atento e acompanhe!

Abaixo segue os comentários do texto:
PONS, Frank Moya, (1991): La independencia de Haiti y Santo Domingo, in BETHEL, Leslie (ORG) Historia de América Latina, Vol 5. Editorial Critica. 

O texto de Frank Moya PONS,  La independencia de Haiti y Santo Domingo, nos ajudará a compreender o quadro geopolítico e a disputa internacional entre as metrópoles européias - especialmente a Inglaterra, a França e a Espanha - pelas riquezas naturais e o controle do Caribe. A Ilha Hispanhola, dividida entre franceses (Saint-Domingue) e espanhóis (Santo Domingo), simbolizava, mais do que qualquer outra, o acirramento dessa disputa, que acabou provocando uma guerra internacional entre as potências da época. Em meio aos conflitos internacionais, de cunho colonialista, veremos se desenrolar as guerras de independência do Haiti, contra os franceses, e de Santo Domingo, contra os espanhóis. Foi neste contexto que  uma revolta escrava, que se iniciou no norte da ilha, acabou precipitando a guerra civil que tomou conta das duas porções do território, causando sangrentos conflitos entre os grandes proprietários brancos, os escravos negros e os mulatos livres - cada um deles apoiado por uma das potências de então: os ingleses do lado dos grandes proprietários, os espanhóis com os escravos e os franceses do lado dos mulatos.  Veremos a ocupação de Santo Domingo, por 22 anos, pelas tropas haitianas, numa tentativa de unificação da Ilha. Ao mesmo tempo, vamos  nos familiarizar com os personagens desse drama histórico, cujos nomes e feitos deveremos conhecer e memorizar para dialogar com os colegas haitianos. Entre eles se destacam:  Toussaint L'Ouverture,  Jean Jacques Dessalines, Henri Christophe, Alexander Pétion e Jean-Pierre Boyer. É muito importante ter em conta o papel da Revolução Americana e da Revolução Francesa em todo o processo. A primeira, por debilitar os concorrentes ingleses e ampliar as vendas do açúcar haitiano no mercado americano, agora sem os intermediários ingleses; a segunda, por fornecer o marco ideológico, professado pelos jacobinos, e assimilado pelos líderes haitianos a seu modo. Este aspecto retornará ao longo do curso, sob diferentes ângulos, sempre a revelar como o que aconteceu no Haiti na passagem do século  XVIII para o XIX, está profundamente inscrito do processo de modernização do Ocidente. Ao contrário de leituras hegemônicas, este processo não é linear e nem é irradiado a partir de um único polo, dos países europeus para o resto do mundo. Ele revela como uma área mal denominada "periférica" influi no curso da história ocidental e no seu processo de modernização. Veremos isso mais pra frente nos textos de Stuart Hall e Paul Gilroy. Não vamos nos antecipar. Mas fiquem antenados. Há dois outros aspectos que eu gostaria que vocês observassem para discussão na próxima aula. O primeiro diz respeito à estratificação social a partir de critérios raciais, decorrentes da cor da pele, da origem nacional e atributos culturais. Reflitam sobre essa divisão social, que basicamente está fundada na relação senhor x escravo, mas que vai muito além dela, onde se situam Les grands brancs, Les petits brancs, Les affranchis e Les noirs. O segundo aspeto que eu gostaria que vocês pensassem se refere ao modelo de desenvolvimento, como diríamos hoje, que divide a jovem nação soberana. Aí veremos  alguns dilemas que não desapareceram da América latina duzentos anos depois. Pensem no projeto de Henri Christophe para o Norte, e de Alexander Pétion para o sul no que concerne ao regime político do Haiti e ao modelo econômico. O primeiro, baseado numa monarquia, na plantation, e numa espécie de escravidão mitigada. O segundo baseado na república, numa agricultura de subsistência e na distribuição dos títulos de propriedade da terra para os ex-escravos. Comparem essa experiência com o que vocês já conhecem de outros países da América Latina na mesma época....boa sorte, boa leitura e bom trabalho.
Professor José Renato Vieira Martins

Deixamos abaixo o link com o texto para os interessados, capitulo 4.
http://www.bsolot.info/wp-content/pdf/Bethell_Leslie-Historia_de_America_Latina_V.pdf

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