terça-feira, 11 de agosto de 2015

A bomba é 'caseira' e o tiro é de 'chumbinho'.


                                                                                                                              Por: José Renato Martins.


Dois atentados acontecem e o que a mídia faz? Minimiza a gravidade dos fatos. A história mostra o que acontece quando nos calamos diante do fascismo.



                                                                                                                                           





                                                                                                                              Créditos da foto: Laura Daudén/ Conectas.Org




O ódio inoculado há anos na população é um dos grandes responsáveis pela escalada da intolerância, do racismo e da xenofobia que estamos assistindo no Brasil. O atentando contra o Instituto Lula e a agressão contra os haitianos em São Paulo são manifestações do mesmo tipo de irracionalidade.
 
Os dois acontecimentos me concernem pessoalmente. Há dois anos, como professor da Universidade Federal da Integração Latino-Americana - UNILA, pesquiso a presença dos haitianos no Brasil. Há quatro, faço parte da equipe de colaboradores do Instituto Lula.  
 
A versão da grande imprensa sobre a “bomba caseira” lançada no Instituto foi uma tentativa canhestra de minimizar a gravidade do atentado. Em qualquer país democrático, a imprensa daria ampla cobertura e repercussão ao “episódio”, em vez de diminuí-lo ou ocultá-lo como fizeram alguns veículos de comunicação.
 
Não vi nenhum editorial condenando o gesto, cuja dimensão simbólica atingiu em cheio não só o Instituto como a própria democracia. Silêncio total. Eloquentes colunistas, normalmente tão loquazes sobre assuntos menores, não escreveram uma linha ou disseram uma palavra repudiando o atentado. 
 
Silêncio similar se produziu agora em torno da agressão aos haitianos em São Paulo. 
 
Há atualmente na UNILA cerca de 80 jovens haitianos. O ingresso desses estudantes na Universidade corresponde a ajuda humanitária que o Brasil dedica ao Haiti. O país, que é um dos mais pobres do mundo, ainda não se recuperou totalmente do terremoto que matou mais de 300 mil pessoas em 2010.
 
Os haitianos que vieram para o Brasil estão concentrados nos estados do sul e sudeste. No Paraná, onde pesquiso a integração desses migrantes, a maioria está empregada na indústria da alimentação e na construção civil. Há anos falta mão de obra nos dois setores, e por isso empresários paranaenses foram buscá-los no Acre. Eles não roubaram o emprego de nenhum trabalhador brasileiro. Os dados da pesquisa revelam que eles ocupam vagas ociosas – fazem parte da solução e não do problema.
 
Assim como fizeram os imigrantes europeus que chegaram ao Brasil no início do século passado, os haitianos contribuem economicamente com o país. Além disso, são seres humanos que passam por dificuldades. Merecem respeito e solidariedade. Nem mesmo o mais grave distúrbio mental explicaria qualquer tipo de agressão contra pessoas frágeis e inofensivas como eles. E, no entanto, seis haitianos foram alvo de vil atentado em São Paulo. 
 
É o mesmo ódio, a mesma intolerância, fundadas no racismo e na ignorância.   
 
A grande imprensa, que demorou inexplicavelmente a divulgar a agressão contra os haitianos, agora nos informa que eles foram alvo de disparos de “espingarda de chumbinho”. Não houve o emprego de arma de fogo. Novamente minimizam a gravidade do ato, mesmo sabendo que dois dos atingidos provavelmente passarão por cirurgia.
 
Por trás disso tudo existe um óbvio subtexto, cujo objetivo é anestesiar o incauto leitor. A bomba é “caseira” e a espingarda é de “chumbinho”. Relaxa, não é tão grave assim.
 
A história mostra o que acontece quando os liberais flertam com o fascismo. Depois de destruir os partidos de esquerda e os sindicatos dos trabalhadores, é contra eles que os bandos fascistas se voltam. Que reflitam um pouco, e parem de inocular o ódio e a intolerância enquanto é tempo.  
 
José Renato Vieira Martins, professor adjunto da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (renatovieiramartins@gmail.com)

Convite!!!!


terça-feira, 4 de agosto de 2015

Programa Complicações discute a imigração haitiana para o Brasil.


O Programa Complicações do Estúdio Univesp, traz entrevistas, debates, notícias e matérias especiais na tela da UNIVESP TV. 


Desta vez, o programa trouxe para discussão a imigração dos haitianos no Brasil. A ideia é analisar esta questão e traçar comparações com outros movimentos imigratórios mundiais, como o dos africanos para a Europa. 

Para discutir o tema, participaram da conversa nossa admirável professora Maria Adélia de Souza  (professora da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP e integrante de nosso grupo de pesquisa) e Roberta Guimarães Peres (pesquisadora do Núcleo de Estudos de População da Unicamp)

No dialogo se constrói um rico debate proposto pelo programa e dialogado pelas pesquisadoras nos eixos que se permeiam na Diáspora Haitiana. 

Boa aula! 



Parte 1: 




                 Parte 2 :


segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Audiência Publica: "A situação dos Haitianos no Brasil".

Para os que não conseguiram acompanhar:
03/08/2015 - 09:00


           CDH : Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa


Debater sobre: "A situação dos Haitianos no Brasil". 

Convidados:
Nilson Mourão
Secretário de Justiça e Direitos Humanos do Estado do Acre
Beto Ferreira Martins Vasconcelos
Secretário Nacional de Justiça - Ministério da Justiça
Luiz Alberto Matos dos Santos
Coordenador do Conselho Nacional de Imigração – Ministério do Trabalho e Emprego
Alix Georges
Centro de Apoio e Orientação ao Haitiano de Porto Alegre
Carlos Alberto Simas Magalhães
Embaixador - Subsecretário Geral das Comunidades Brasileiras no Exterior - Ministério das Relações Exteriores - MRE
José Maria de Almeida
Membro da Coordenação Nacional do CSP-Conlutas
Paulo Roberto Martins Maldos
Secretário Nacional de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos - SDH
Fedo Bacourt
Representante da União Social dos Imigrantes Haitianos
Irmã Rosita Milesi
Diretora do Instituto Migrações e Direitos Humanos – IMDH